Qual é a diferença entre café gourmet, superior e tradicional?

Se você ainda tem dúvida se existe uma diferenciação de tipos de café, saiba que ela existe e é determinada por parâmetros técnicos e rigorosos. 

café selecionado e torrado

Quanto mais cuidado durante a produção do café, melhor é a qualidade.
Foto: Atilla Coffee Roasters 
  • Avaliação do Café

O café pode ser avaliado a partir de diversas especificações. Hoje em dia temos algumas avaliações com diferentes padrões de qualidade. Podemos citar a SCA (Specialty Coffee Association) e o COB (Classificação Oficial Brasileira). Aqui nós vamos considerar as avaliações a partir de uma nota dada pelo Programa de Qualidade do Café (PQC) da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC). Uma análise é feita por uma equipe de provadores treinados que levam em consideração vários aspectos como aroma, acidez, fragrância e amargor. Ao final, a categoria do café é definida a partir da nota de Qualidade Global (QG), que vai de 0 a 10. Enquanto as outras avaliações levam em consideração a qualidade dos grãos, a avaliação da ABIC leva em consideração o produto final, que chega até o consumidor. Aqui não iremos tratar dos cafés especiais, que possuem outra classificação. 

O Café Tradicional ou Extra Forte é aquele que tem uma nota de QG entre 4,5 e 5,9. São classificados como Café Superiores os que recebem uma nota igual ou maior que 6,0 até 7,2. Fechando a escala de classificação mais alta está o Café Gourmet, que pontua a partir de 7,3 até 10. A ABIC não recomenda o consumo do café que tenha uma avaliação abaixo da nota mínima (4,5). 

Tabela ABIC de classificação de cafés

Classificação de cafés da ABIC. 
  • Café Gourmet 

O café que ganha essa classificação é aquele que apresenta a maior classificação de Qualidade Global (>= 7,3 até 10). Essa avaliação mais alta representa uma maior qualidade, desde a seleção de grãos até a torra. O sabor também se destaca, e o aroma é marcante e intenso. Ele é mais encorpado, tem o amargo típico e característico e baixa adstringência. 

O processo de torra também interfere muito na qualidade do café. Uma torra mais controlada dá ao café gourmet uma qualidade maior no sabor, tirando aquele gosto de queimado que muitos podem sentir em cafés tradicionais. A cor do pó também é característica, sendo mais branda. Quanto mais escuro estiver o pó, mais tempo ele passou no torrador. Uma torra controlada também dá ao café gourmet uma doçura natural sem a necessidade do uso de açúcares ou adoçantes para o consumo. 

Para os coffee lovers, esta pode ser a melhor opção dentro dessa classificação da ABIC. É um tipo de café que pode ser apreciado desde o início da preparação até a hora de se degustar. Por ter uma qualidade maior e um cuidado de produção mais criterioso, ele apresenta um preço maior do que outras classificações. É importante destacar também que o custo benefício do café gourmet pode até sair mais em conta se compararmos a quantidade de pó necessária na preparação. Com um café de mais qualidade é possível usar menos pó do que com um tradicional. 

Essa classificação gourmet se refere à qualidade da produção e é certificada a partir de uma avaliação criteriosa da ABIC. Por mais que o termo “gourmet” tenha se popularizado hoje quanto a forma de preparo e atendimento dos estabelecimentos, quanto se trata de café é importante prestar atenção no selo de qualidade da associação.   

Foto: Atilla Coffee Roasters
  • Café Superior 

Aqui entram os produtos que possuem uma nota intermediária (>= 6,0 e <= 7,2). O café superior é então aquele que tem uma qualidade acima do café tradicional mas não tem um cuidado tão apurado quanto o café gourmet. Nas avaliações da ABIC ele aparece com uma acidez baixa a moderada, um aroma característico e um amargor moderado. Aqui já temos um café menos encorpado, com adstringência um pouco maior do que o café gourmet. 

Na prática você terá um aroma e sabor equilibrado, que ficará por um bom tempo na boca. Na descrição do gourmet você viu sobre a doçura natural, já o superior é um pouco mais amargo e que pode demandar, a depender do gosto de cada um, um adoçante ou açúcar para uma melhor degustação. 

Aqui temos uma categoria para aqueles que têm um paladar mais apurado, mas não estão dispostos a gastar muito na hora de comprar o café. Ele é feito para aqueles que querem uma experiência diferenciada na hora de consumir o produto. O café superior é vendido com um preço um pouco acima do café tradicional. Em relação ao custo benefício ele é mais atrativo, mas ainda não vai fornecer uma apreciação tão apurada quanto ao café gourmet. 

O processo de torra interfere muito na qualidade do café.
Foto: Atilla Coffee Roasters
  • Café Tradicional ou Extra Forte 

Na base das qualificações está o café tradicional/extra forte. Nesta categoria a nota parte de 4,5 e vai até 5,9. O tradicional é o mais consumido nos lares brasileiros devido ao seu baixo preço e maior oferta nos mercados. Com uma produção mais industrial e com um controle de qualidade menor, ele apresenta uma acidez mais baixa, um sabor mais amargo e uma adstringência maior do que os outros tipos. Ele também é menos encorpado e tem um aroma mais fraco. 

Enquanto o café gourmet e o superior possuem um sabor mais característico e livre de sabores estranhos (como fermentação, mofado e de terra), o café tradicional já não tem essa exigência para classificação. Muitas vezes a moagem desse café é mais intensa e demorada, justamente visando disfarçar qualquer sabor de substâncias que não deveriam estar ali. 

Esse tipo de café é mais utilizado para consumidores do dia a dia que buscam um preço mais em conta. Visualmente ele é um café mais preto, devido ao seu processo de torra mais longo. Na imagem abaixo você consegue ver a diferença visual entre a preparação do café tradicional (à esquerda) e o café gourmet (à direita). 


É visível a diferença entre o café tradicional e o café gourmet.
Foto: Grão Gourmet
  • Qual é o melhor custo benefício?

Falar em custo benefício quando se trata de café é relativo. Isso porque depende muito da intenção e da disposição de quem irá consumir o produto.  A intenção porque vai depender se você irá consumir o café apenas por uma necessidade mais urgente e diária ou se você é o coffee lover e gosta de apreciar todos os momentos da preparação do seu café. A outra condição é a disposição financeira e de tempo que você tem para o consumo. Os cafés gourmets podem apresentar uma qualidade muito superior e um preço um pouco maior, mas compensam muito no momento da apreciação. É também preciso um tempo mais dedicado, e um maior cuidado no preparo para uma perfeita fruição do sabor. 


Para os amantes do café a preparação também faz parte da fruição.
Foto: Atilla Coffee Roasters
  • Como escolher o melhor café?

Se você é um coffee lover ou quer começar a experimentar novos tipos de café, pesquise algumas marcas, veja como ela é classificada quanto a produção do produto. É muito importante ressaltar aqui que existem diferentes classificações que levam em conta diferentes padrões de qualidade. Muitas cafeterias também oferecem um produto de qualidade, e podem ser uma boa opção para experimentar novos sabores. A ABIC possui uma página com empresas e marcas qualificadas pela associação (https://www.abic.com.br/certificacoes/qualidade/). Aqui no site da Atilla, na aba de clientes (https://www.atilla.com.br/cafes-especiais-e-cafeterias/), você também encontra uma lista de estabelecimentos. 

A sua percepção e o seu gosto pessoal é sempre o mais importante. Avalie o que se encaixa no seu orçamento, pesquise os rótulos das embalagens, e adapte as melhores condições ao seu paladar e ao seu bolso. 

As avaliações aqui apresentadas foram extraídas de dados da ABIC, que leva em consideração vários aspectos técnicos para definir a qualificação do café. É importante ressaltar que os produtos que apresentam uma nota menor do que 4,5 estão em uma categoria ruim ou péssima, e que podem ser prejudiciais à saúde. Sempre confira a procedência da marca do produto que você consumiu caso ela não esteja na lista de certificações da Associação Brasileira da Indústria de Café. Como o processo de avaliação é criterioso, muitos pequenos produtores podem não ter estrutura suficiente para serem submetidos a essa avaliação. 


Foto Clay Banks, do Unsplash.